R. C. L. F. L. – mãe aos 37 anos
Data do parto = 12/05/2022
A minha gestação não durou apenas as 40/42 semanas, como uma gestação comum. Foram 4 anos, isso mesmo, 4 longos anos, desde o momento em que decidi viver a maternidade novamente.
Apesar de já ser mãe de uma linda menina, que veio de um parto cesárea do meu primeiro relacionamento, eu sempre quis mais filhos, porém enfrentei o desafio da infertilidade, fiz cirurgia de endometriose, busquei tratamentos, ciclos de FIV, muitos testes negativos e dor.
Quando eu soube que estava grávida, após tantos anos tentando, tive a certeza que faria o meu melhor para que este fosse um momento único. Nosso tão sonhado e esperado encontro. O parto!
Me envolvi completamente no universo da maternidade, li muitos relatos e experiências de outras mulheres, me cerquei das melhores profissionais.
Logo na primeira consulta com a obstetra Dra. Emilcy, eu disse que queria um parto natural e humanizado.
E assim seguimos o pré-natal, com toda a Equipe Nosso Pulsar a cada consulta, nos guiando nessa jornada de uma gestação com muita informação e serenidade, para que pudéssemos participar ativamente de cada decisão.
Apesar do DMG (diabetes mellitus gestacional) e isoimunização tivemos uma gravidez tranquila e, juntos, eu e o Paulo, nos sentíamos protagonistas de todo o processo com muita informação e segurança.
No início do terceiro trimestre, porém, percebemos um desafio pela frente: as semanas passavam e nada da Luana virar. Estava lá, sentadinha e tranquila para o desespero da mamãe. Nesse momento, após meses me preparando para o “parto ideal” natural comecei a enfrentar a possível frustração de não termos o nascimento da nossa Luana conforme meu grande desejo àquela altura. Tive crise choro, fiquei desesperada e não acreditava, que mesmo com a minha disciplina aos exercícios físicos, a fisioterapia pélvica, consultas, alimentação, suplementação, tudo que eu estava fazendo, o rumo parecia querer mudar.
Partimos então para os exercícios Spinning Babies® com orientação da Fisioterapeuta, fizemos compressas geladas e quentes e rapidamente Luana virou!
Fiz também acupuntura, massagens, atividade física e reiki, vivi intensamente essa gestação, com muita gratidão e amor.
Até que chegou o dia da 38ª semana em que seria feita a indução, para o tão desejado parto normal. Foi no dia 11.05.2022. Eu não queria que fosse dessa maneira, queria que a Luana escolhesse o dia dela, ou que a bolsa estourasse, ou pelo menos esperar mais um pouco para mudar o signo. É, eu queria que ela fosse geminiana… rs
Mas, mesmo contrariada, aceitei e, tive a felicidade de me cercar de uma rede de apoio incrível: Obstetra, Fisioterapeuta e Doula, Enfermeiras e minha família.
Tudo correndo bem, conforme esperado.
Chegamos cedo no hospital, fizemos o último US para ver a Luana no forninho e seguimos os procedimentos da internação, a conduta seria a dilatação através do método de Krause, para atingir 4cm. As coisas aconteciam exatamente conforme as orientações que havíamos recebido, e a todo momento eu tive alguém do meu lado: minha irmã, marido ou a doula.
Me sentia tão preparada, queria sentir a dor, queria viver o parto na forma mais visceral possível, receber minha filha em minhas mãos, sentir o cheiro dela e dar colo. A essa altura eu acreditava que estava bem perto desse momento.
Já estávamos na suíte PPP (pré parto, parto e pós-parto), com todos os aparatos necessários para o parto normal e aguardamos o início da segunda fase, da ocitocina. A Dra. só conseguiria vir no final da tarde, então aguardamos. Pois essa “gaiata” da ocitocina resolveu nos dar um baile madrugada a dentro, até que virou para o dia 12.05.22.
Entre exercícios, contrações leves e descanso, com todo acompanhamento da equipe a ocitocina continuou sendo administrada.
Ao atingir a dose mais alta possível da ocitocina, a Dra. Emilcy de uma maneira muito doce disse que não tentaria mais, porque eu não estava respondendo. Não entrei em trabalho de parto.
Desde o início eu dizia que, tendo uma equipe na qual eu confiava 100%, entenderia que, se tivéssemos de seguir para uma cesárea era porque realmente seria o mais seguro. E chegou esse momento. Porém, confesso que na hora parecia ser o mais difícil momento de toda minha jornada. Aceitar que tudo o que foi idealizado não seria realizado, foi muito difícil.
Minha irmã, de uma maneira muito sábia disse: “nem sempre as coisas saem como gostaríamos, você fez o que você pode. O que é mais importante? É ter ela aqui com saúde“. E assim fizemos!
Apesar de saber que a minha dor era legítima, eu tinha uma bebê linda e super saudável que chegaria em breve em meus braços e esse deveria ser um momento mágico!
Já eram 4hrs da manhã, minha filha mais velha estava dormindo e não acompanhou o baile… rs
Me preparei para a cirurgia, com todo o carinho da minha doula e quando percebi, estava no centro de uma sala, com uma equipe incrível, toda formada por mulheres.
As pessoas que eu tinha escolhido com tanto carinho para aquele momento estavam lá se preocupando em fazer o parto mais lindo que poderia existir, sempre me perguntando se eu me sentia bem e respeitando minhas decisões.
E as 5:45h Luana chegou, chorando, bem loirinha e cabeluda. Com 49cm e 3165Kg.
Ela veio para meus braços, mamou logo ao nascer e encheu nossos corações. Senti a emoção do meu marido ao vê-la nascendo.
Ela nasceu cansadinha e teve de ir pra UTI Neonatal, receber oxigênio. Depois tivemos o diagnóstico de Taquipneia Transitória do Recém-nascido, ela ficou 3 dias lá.
Foi devastador viver isso, vê-la ali no bercinho, não poder pegá-la… E mais uma vez o destino, Deus ou o Universo me traziam grandes lições. Não é possível controlar tudo. Faça planos, idealize, mas se permita viver o que a vida lhe traz e agradeça sempre!
Luana é a luz que veio trazendo expansão. Exatamente como tinha que vir.
*a imagem utilizada para capa deste relato de parto, é meramente ilustrativa.